quinta-feira, 31 de maio de 2012

USO DE DROGAS PODE DEIXAR DE SER CRIME NO NOVO CÓDIGO PENAL




Comissão propõe descriminalização das drogas para uso pessoal

Quantidade considerada para uso próprio vai variar dependendo da droga.
Anteprojeto do novo Código Penal vai prever também crime de bullying.

A comissão de juristas constituída para elaborar o anteprojeto do novo Código Penal aprovou nesta segunda-feira (28) a descriminalização de drogas ilícitas para uso pessoal e a criação do crime de bullying, que no texto ficou classificado como "intimidação vexatória".
O anteprojeto do Código Penal deve ser entregue até o final de junho ao Congresso e depois será votado no Senado e na Câmara dos Deputados.
No caso das drogas, o texto aprovado diz que a substância para uso pessoal será assim classificada quando a quantidade apreendida for suficiente para o consumo médio individual por cinco dias, conforme definido pela autoridade administrativa de saúde.
Já o bullying, de acordo com o texto, será configurado quando houver intimidação, constrangimento, ameaça, assédio sexual, ofensa, castigo, agressão ou segregação a criança ou adolescente. A pena é de prisão  de um a quatro anos e multa.
Drogas
De acordo com o relator da comissão, Luiz Carlos Gonçalves, a quantidade de droga tolerada para uso pessoal será definida de acordo com o tipo da substância. Quanto maior o poder destrutivo da droga, menor a quantidade diária a ser consumida.
“A redação diz que depende do fato concreto, se a pessoa for surpreendida no ato da venda não há dúvida, é tráfico. Cada droga terá a sua realidade e discutiremos se haverá definição de drogas de maior potencial lesivo”, explicou.
Na proposta  dos juristas, o tráfico de drogas pode ter pena de cinco a dez anos e multa. Segundo o texto, vai incorrer em crime de tráfico aquele que “importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas”.
As pessoas que semeiam, cultivam ou fazem a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que sirvam para matéria-prima para a preparação de drogas também poderão responder por tráfico de drogas.
Haverá descriminalização quando o agente “adquire, guarda, tem em depósito, transporta ou traz consigo drogas para consumo pessoal; semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de drogas para consumo pessoal”, segundo o texto aprovado.
Para determinar se a droga realmente destinava-se a consumo pessoal, o juiz deverá saber a natureza e a quantidade da substância apreendida, a conduta do infrator, o local e as condições em que ocorreu a apreensão, assim como as circunstâncias sociais e pessoais do consumidor de droga.
Os juristas ainda incluíram um novo artigo ao anteprojeto do Código Penal para criminalizar o uso ostensivo, mesmo que pessoal, de substância entorpecente em locais públicos, nas mediações das escolas ou outros locais de concentração de crianças ou adolescentes ou na presença deles.
Para esse crime, a pena será de “advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e/ou medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo”, de acordo com o texto do anteprojeto.
O relator da comissão explicou que a comissão tinha dúvidas sobre a lei atual em vigor que fala sobre drogas.
“Havia uma dúvida até na doutrina, se o uso ou porte da substância entorpecente era criminoso ou não. A comissão deu um passo e descriminalizou o porte para uso, mas com uma exceção importante: se esse uso for ostensivo diante de uma escola, um local de concentração de crianças e adolescentes será crime”, explicou Gonçalves.
De acordo com o texto, o uso compartilhado de droga vai ser penalizado. A pena pode ser de seis meses a um ano de prisão e multa. Já aquele que induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido da droga poderá ter pena de seis meses a dois anos de prisão.
BullyingOs juristas incluíram ao anteprojeto do Código Penal a criminalização do Bullying, com o título de intimidação vexatória. Responderá por este crime aquele que “intimidar, constranger, ameaçar, assediar sexualmente, ofender, castigar, agredir, segregar a criança ou o adolescente, de forma intencional e reiterada, direta ou indiretamente, por qualquer meio, valendo-se de pretensa situação de superioridade, causando sofrimento físico, psicológico ou dano patrimonial”. A pena para este crime, sugerida pela comissão, é de prisão de um a quatro anos e multa.
Também foi incluído ao código artigo que fala sobre a perseguição obsessiva. Para os juristas, o ato de perseguir alguém de forma repetida reiterada ou continuada, ameaçando a integridade física ou psicológica da pessoa, restringindo a capacidade de locomoção ou de qualquer forma invadindo ou perturbando a sua esfera de liberdade ou privacidade pode causar prisão de dois a seis meses e multa.
Intervenção médica sem consentimento
Além disso, a comissão alterou o texto que fala sobre intervenção médica ou cirúrgica sem o consentimento do paciente ou representante legal.
Segundo o relator da comissão, a mudança aconteceu por solicitação de grupos religiosos. Com a alteração, o paciente que for maior de idade e capaz poderá manifestar sua vontade de não se submeter ao tratamento médico.
O texto atual diz que a intervenção médica ou cirúrgica, se justificada por iminente perigo de vida, pode acontecer sem o consentimento do paciente ou representante legal

quarta-feira, 30 de maio de 2012

ASSALTOS EM CACHOEIRA DOS INDIOS-PB

         No ultimo dia 28 de maio de 2012, ocorreram dois assaltos simultâneos em Cahoeira dos Indios, em dois estabelecimentos localizados na Avenida Governador João Agripino. Cinco homens armados de revolveres e uma escopeta, que se dividiram: dois assaltaram uma panificadora aonde funcionava um caixa avançado da Caixa Econômica Federal, de propriedade do Sr Francisco de Sousa (Chico Teixeira) e a vítima informou a policia, que os assaltantes levaram uma quantia de aproximadamente R$ 30.000,00, outros dois assaltaram no mesmo instante a loja Monalisa Modas, aonde funciona um caixa avançado do Banco Bradesco, de propriedade da Sra Marilí Abreu, que também informou a policia, que os assaltantes levaram uma quantia de aproximadamente R$ 26.000,00, e o quinto individuo que fazia parte do grupo permaneceu o tempo todo no volante do veículo que eles utilizaram para fazer esse assalto. Ao terminarem o assalto entraram no veículo que os esperava e saíram disparando tiros para o alto. A viatura da policia militar da nossa cidade com apenas três policiais,  chegou logo em seguida e saíram em perseguição aos assaltantes, que tomaram destino a cidade do Barro-Ce, minutos depois chegaram varias viaturas do 6° Batalhão da cidade de Cajazeiras-Pb, e foram feitas diligencias por toda a nossas região e nos municípios do Barro e Aurora no vizinho estado do Ceará, mas não lograram exito.
      Segundo informações colhidas através da policia, na tarde daquele mesmo dia o veículo que fora utilizado pelos assaltantes foi encontrado por populares em uma estrada vicinal no Distrito de Iara no município do Barro-ce, e trata-se de um automóvel Corsa sedam com placa HYR 5399, que havia sido tomado por assalto no dia anterior ao assalto de Cachoeira. Já o destino dos assaltantes até o momento é ignorado pela policia que continua em diligencias.
        Na manhã de hoje 30-05-12, por volta das 08h30, mais uma pessoa foi assaltada em nosso município. Um jovem conhecido por miguel que vinha trafegando a Pb-420 em um veículo, nas proximidades do Sítio genipapeiro , foi abordado por dois elementos em uma motocicleta, que levaram do mesmo uma quantia de R$ 70,00, e só não levaram o veículo por que num gesto infantil que poderia ter perdido a vida, jogou a chave do veículo no mato para que os assaltantes não levasse o carro.
       Por conta desses acontecimentos lamentáveis em nosso município, a reunião da câmara no dia de hoje, teve como foco principal a segurança pública do nosso município, e os parlamentares mirim da nossa cidade irão requerer uma audiência com o secretario da segurança pública do nosso estado, que será intermediada pelo deputado Víturiano de Abreu, que se comprometeu com alguns vereadores, de juntos lutarem por melhores condições para a policia que presta serviço em nossa cidade, visto que aqui fazemos fronteira com o ceará, a começar por uma viatura melhor pois a daqui já está em péssimas condições de uso, e também a instalação de um pelotão de policia, pois na visão dos vereadores a evolução que nos últimos anos vem alcançando a nossa cidade, também já requer um efetivo maior de policiais, porque contamos apenas com dez (10) Pms atualmente, o que é um numero insuficiente e incompatível para dar uma melhor seguranças as pessoas da nossa sociedade.  

       

sexta-feira, 18 de maio de 2012


Um professor de criminologia sai da sua "torre de marfim " para fazer uma ronda e apreender coisas que só a rua pode ensinar.
George L. Kirkham é professor assistente da Escola de criminologia da Universidade da Flórida e autor do livro Signal Zero a ser publicado brevemente.
Este artigo originalmente publicado no boletim do FBI e condensado agora por seleções e de muita importância para que aqueles que procuram explicações para a ação policial no cotidiano das grandes cidades, possam compreender por que o policial anda armado e possam ver "os milhares de policiais, homens e mulheres, lutando e resolvendo problemas difíceis para preservar nossa sociedade e aquilo que nos é mais caro".
Ao determinar a reprodução deste artigo, recomenda a todos os comandos que o explore na instrução da tropa, bem como estimule debates com autoridades locais, especialmente aqueles que, como o professor, disponham do tempo que queiram para tomar decisões difíceis. Talvez, então, possam compreender o policial que é "forçado a fazer escolhas críticas em questão de segundos (prender ou não prender, perseguir ou não perseguir), sempre com a incômoda certeza de que outros, aqueles que tinham tempo para analisar e pensar, estariam prontos para julgar e condenar aquilo que fizera ou aquilo que não tinha feito".

São Paulo, 15 de março de 1975.

Como professor de criminologia, tive problemas durante algum tempo, devido ao fato de que, como a maioria daqueles que escrevem livros sobre assuntos policiais, eu nunca fui policial. Contudo, alguns elementos da Comunidade Acadêmica Norte-Americana, tal como eu, foram muitas vezes demasiado precipitados ao apontar erros da nossa polícia. Dos incidentes que lemos nos jornais, formamos imagens estereotipadas, como as do policial violento, racista, venal ou incorreto. O que não vemos são os milhares de dedicados agentes da polícia, homens e mulheres, lutando e resolvemos problemas difíceis para preservar a nossa sociedade e aquilo que nos é mais caro.
Muitos dos meus alunos tinham sido policiais, e eles várias vezes apunham às minhas críticas o argumento de que uma pessoa só poderia compreender o que um agente da polícia tem de suportar quando também experimentasse ser policial. Por fim, me decidi a aceitar o repto. Entraria para a polícia e assim iria testar a exatidão daquilo que vinha ensinando. Um dos meus alunos (um jovem agente que gozava licença para freqüentar o curso, pertencente a Delegacia de polícia de Jacksonville, Flórida) me incitou a entrar em contato com o xerife Dalle Carson e o vice-xerife D K. Brown e explicar-lhes minha pretensão.

Lutando por um distintivo. Jacksonville me parecia ser o lugar ideal. Era um porto de mar e um centro industrial em crescimento acelerado. Ali ocorriam também manifestações dos maiores problemas sociais que afligem nossos tempos: crime, delinqüência, conflitos raciais, miséria e doenças mentais. Tinha igualdade a habitual favela e o bairro reservado aos negros. Sua força policial, composta por 800 elementos, era tida como uma das mais evoluídas dos Estados Unidas.

Esclareci ao xerife Carson e ao vice-xerife Brown de que pretendia um lugar não como observador, mas como patrulheiro uniformizado, trabalhando em expediente integral durante um período de quatro a seis meses. Eles concordam, mas puseram também a condição de que eu deveria primeiro preencher os mesmos requisitos exigidos a qual outro candidato a policial: uma investigação completa ao caráter exame físico e os mesmos programas de treinamento. Havia outra condição com a qual concordei prontamente: em nome da moral, todos os outros agentes deviam saber quem eu era e o que estava fazendo ali. Fora disso, em nada eu me distinguiria de qualquer agente, desde o meu revólver Smith e Wesson calibre 38 até o distintivo e o uniforme.

O maior obstáculo foram as 280 horas de treinamento estabelecidas por lei. Durante quatro meses (quatro horas por noite e cinco noites por semana), depois das tarefas de ensino teórico, eu aprendi a como utilizar uma arma, como me aproximar de um edifício na escuridão, como interrogar suspeitos, investigar acidentes de trânsito e recolher impressões digitais. Por vezes, à noite, quando regressava a casa depois de horas de treinamento de luta de defesa pessoal, com os músculos cansados, pensava que estava precisando era de um exame de sanidade mental por ter me metido naquilo. Finalmente, veio a graduação e, com ela, o que viria a ser a mais compensadora experiência da minha vida. Patrulhando a rua. Ao escrever este artigo, já completei mais de 100 rondas como agente iniciando, e tantas coisas aconteceram no espaço de seis meses que jamais voltarei a ser a mesma pessoa. Nunca mais esquecerei também o primeiro dia que montei guarda defronte à porta da delegacia de Jacksonville. Sentia-me ao mesmo tempo estúpido e orgulho no meu novo uniforme azul e com cartucheira de couro.
A primeira experiência daquilo que eu chamo de minhas "lições de rua" aconteceu logo de imediato. Com meu colega de patrulha, fui deslocado para um bar, onde havia distúrbio, no centro da zona comercial da cidade. Lá chegando, encontramos um bêbado robusto e turbulento que, aos gritos, se recusava a sair. Tendo adquirido certa experiência em admoestação correcional, apressei-me a tomar conta do caso. "Desculpe, amigo", disse eu sorridente, "não quer dar uma chegadinha aqui fora para bater um papo comigo?" O homem me encarou esgazeado e incrédulo, com os olhos raiados de sangue. Cambaleou para mim e me deu um empurrão no ombro. Antes que eu tivesse tempo de me recuperar, chocou-se de novo comigo - e dessa vez fazendo saltar da dragona a corrente que prendia meu apito. Após breve escaramuça, conseguimos leva-lo para a radiopatrulha.

Como professor universitário, eu estava habituado a ser tratado com respeito e deferência e, de certo modo, presumia que isso iria continuar assim em minhas novas funções. Agora, porém, estava aprendendo que meu distintivo e uniforme, longo de me protegerem do desrespeito, muitas vezes atuavam como um "imã" atraindo indivíduos que odiavam o que eu representava. Confuso, olhei para meu colega que apenas sorriu.

Teoria e prática nos dias e semanas seguintes, eu iria aprender mais coisas. Como professor, sempre procurava transmitir aos meus alunos a idéia de que era errado exagerar o exércicio da autoridade, tomar decisões por outras pessoas ou nos basearmos em ordens e mandatos para utar qualquer tarefa. Como agente da polícia, porém, fui muitas vezes forçado a fazer exatamente isso. Encontrei indivíduos que confundiam gentileza com fraqueza - o que se tornava um convite à violência. também encontrei homens, mulheres e crianças que, com medo ou em situações de desespero, procuravam auxílio e conselhos no homem uniformizado.
Cheguei a conclusão de que um abismo entre a forma como eu, sentado calmamente no meu gabinete com ar condicionado, conversava com o ladrão ou assaltante a mão armada, e a maneira como os patrulheiros encontraram esses homens - quando eles estão violentos, histéricos ou desesperados.

Esses agressores, que anteriormente me pareciam tão inocentes, inofensivos e arrependidos depois do crime cometido, agora, como agente da polícia, eu os encarava pela primeira vez como uma ameaça a minha segurança pessoal e à da nossa própria sociedade.
Aprendendo com o medo. Tal como o crime, o medo deixou de ser um conceito abstrato para mim, e se tornou algo bem real, que por várias vezes senti: era a estranha impressão em meu estômago, experimentava ao me aproximar de uma sensação de boca seca quando, com as lâmpadas azuis acesas e a sirene do carro ligada, corríamos para atender a uma perigosa chamada onde poderia haver tiros.
Recordo especialmente uma dramática lição no capítulo do medo. Num sábado à noite, patrulhava com meu colega em uma zona de bares mal freqüentados e casas de bilhares, quando vimos um jovem estacionar o carro em fila dupla. Dirigimo-nos para o local, e eu lhe pedi que arrumasse devidamente o automóvel, ou então que fosse embora - ao que ele respondeu inopinadamente com insultos. Ao sairmos do carro de radiopatrulha e nos aproximarmos do homem, a multidão exaltada começou a nos rodear. Ele continuava a nos insultar e se recusando a retirar o carro. Então, tivemos que prende-lo. Quando o trouxemos para a viatura da polícia, a turma no cercou completamente. na confusão que se seguiu, uma mulher histérica me abriu o coldre e tentou sacar meu revólver.
De súbito, eu estava lutando para salvar a minha vida. Recordo a sensação de verdadeiro terror que senti ao premir o botão do armeiro onde se encontravam nossas armas. Até então, eu sempre tinha defendido a opinião de que não devia ser permitido, aos policiais o uso de armas, pelo aspecto "agressivo" que denotavam, mas as circunstâncias daquele momento fizeram mudar meu ponto de vista, porque agora era minha vida que estava em perigo. Senti certo amargor quando, logo na noite seguinte, voltei a ver já em liberdade o indivíduo que tinha provocado aquele quase motim - e mais amargurado fiquei quando ele foi julgado e, confessando-se culpado, condenaram-no a uma pena leve por "violação da ordem".
Vítimas silenciosas.
Dentre todas as trágicas vítimas do crime que vi durante seis meses, uma se destaca. No centro da cidade, num edifício de apartamentos, vivia um homem idoso que tinha um cão. Era motorista de ônibus, aposentado. Encontrava-os quase sempre na mesma esquina, quando me dirigia para o serviço, e por vezes me acompanhavam durante alguns quarteirões.
certa noite fomos chamados por causa de um tiroteio numa rua perto do edifício. Quando chegamos, o velho estava estendido de costas no meio de uma grande poça de sangue. Fora atingindo no peito por uma bala e, em agonia, me sussurrou que três adolescentes o tinham interceptado e lhe pediram dinheiro. Quando viram que tinham tão pouco, dispararam e o abandonaram na rua. Em breve, comecei a sentir os efeitos daquela tensão diária a que estava sujeito. Fiquei doente e cansado de ser ofendido e atacado por criminosos que depois seriam quase sempre julgados por juízes benevolentes e por jurados dispostos a concederem aos delinqüentes uma "nova oportunidade". Como professor de criminologia, eu dispunha do tempo que queria para tomar decisões difíceis. Como policial, no entanto, era forçado a fazer escolhas críticas em questão de segundos (prender ou não prender, perseguir ou não perseguir), sempre com a incômoda certeza de que outros, aqueles que tinham tempo para analisar e pensar, estariam prontos para julgar e condenar aquilo que eu fizera ou aquilo que não tinha feito.
Como policial muitas vezes fui forçado a resolver problemas humanos incomparavelmente mais difíceis do que aqueles que enfrentara para solucionar assuntos correcionais ou de sanidade mental: rixas familiares, neuroses, reações coletivas perigosas de grandes multidões, criminosos. Até então, estivera afastado de toda espécie de miséria humana que faz parte do dia-a-dia da vida de um policial.
Bondade em uniforme. Freqüentemente, fiquei espantado com os sentimentos de humanidade e compaixão que pareciam caracterizar muitos dos meus colegas agentes da polícia. Conceitos que eu considerava estereotipados eram, muitas vezes, desmantidos por atos de bondade: um jovem policial fazendo respiração boca a boca num imundo mendigo, um veterano grisalho levando sacos de doces para as crianças dos guetos, um agente oferecendo à uma família abandonada dinheiro que provavelmente não voltaria a reaver.
Em conseqüência de tudo isso, cheguei à humilhante conclusão de que tinha uma capacidade bastante limitada para suportar toda a tensão a que estava sujeito. Recordo em particular, certa noite em que o longo e difícil turno terminaria com uma perseguição a um carro roubado. Quando largamos o serviço, eu me sentia cansado e nervoso. Com meu colega, estava me dirigindo para um restaurante a fim de comer qualquer coisa, quando ouvimos o som de vidros se quebrando, proveniente de uma igreja próxima, vimos dois adolescentes cabeludos fugindo do local. Conseguimos interceptá-los e pedi a um deles que se identificasse. Ele me olhou com desprezo, xingou e me virou as costas com intenção de se afastar. Não me lembro do que senti. Só sei que eu agarrei pela camisa, colei seu nariz bem no meu e rosnei: "Estou falando com você, seu cretino!"
Então, meu colega me tocou no ombro, e ouvi sua reconfortante voz me chamando à razão: "Calma, companheiro!" larguei o adolescente e fiquei em silêncio durante alguns segundos. Depois, me recordei de uma das minhas lições, na qual dissera aos alunos: "O sujeito que não é capaz de manter completo domínio sobre suas emoções em todas as circunstâncias não serve para policial".
Desafio Complicado.
Muitas vezes perguntara a mim próprio: "Por que um homem quer ser policial?" Ninguém está interessado em dar conselhos a uma família com problemas as três da madrugada de um Domingo, ou entrar às escuras num edifício que foi assaltado, ou em presenciar dia após dia a pobreza, os desequilíbrios mentais, as tragédias humanas.
O que faz um policial suportar o desrespeito, as restrições legais, as longas horas de serviço com baixo salário, o risco de ser assassinado ou ferido?
A única resposta que posso dar é baseada apenas na minha curta experiência como policial. Todas as coisas eu voltava para casa com um sentimento de satisfação e ter contribuído com algo para a sociedade - coisa que nenhuma outra tarefa me tinha dado até então.
Todo agente da polícia deve compreender que sua aptidão para fazer cumprir a lei, com a autoridade que ele representa, é a única "ponte" entre a civilização e o submundo dos fora da lei. De certo modo, essa convicção faz com que todo o resto (o desrespeito, o perigo, os aborrecimentos) mereça que se façam quaisquer sacrifícios.
Este artigo foi publicado em março de 1975 na página 84 de seleções e reproduzido pela PM/5 da Polícia Militar de São Paulo
para instrução da tropa

sábado, 5 de maio de 2012

Assaltantes levam 50 mil de comerciante de Cachoeira dos Índios - PB


Um comerciante do município de Cachoeira dos Índios, no Sertão paraibano, foi surpreendido pela ação de três criminosos que levaram R$ 50 mil durante um assalto na noite da quinta-feira (3) na casa da vítima. O dinheiro havia sido sacado pelo comerciante, de 52 anos, para comprar um veículo para o filho e estava guardado em um cofre.
O soldado Jamaildo Araújo, do 6º Batalhão da Polícia Militar de Cajazeiras, explicou que provavelmente o comerciante comentou com alguém sobre a operação financeira e acabou sendo alvo de criminosos.
Por volta das 19h da quinta-feira os criminosos armados chegaram no sítio da vítima anunciando o assalto. Eles entram pelo quintal e perguntaram sobre o dinheiro que havia sido sacado. Durante a ação estavam na casa o comerciante e a esposa de 46 anos. Os criminosos arrombaram o cofre com uma foice e fugiram a pé levando R$ 50 mil.
Dois dos criminosos estavam encapuzados e as vítimas não conseguiram identificar o terceiro bandido. Até as 8h20 desta sexta-feira (4), a polícia ainda não tinha pistas do paradeiro dos criminosos.



quarta-feira, 2 de maio de 2012

Mendigos são humanos?


Não! E mudo minha opinião apenas se alguém, com um grande poder de persuasão vier me contrariar, ou se realmente as pessoas começarem a olhar para si. Primeiro que morar na rua, implorar por dez centavos e ser frequentemente retratado como um perigo à sociedade, não é nada compassivo de alguém incluído nesse mundo tão ‘correto’.
E para confirmar a minha tese, fatos são concretos, porém nem sempre divulgados, como seriam se um desses moradores de rua espancasse algum político, por exemplo.
Por aqui, interior paulista, as coisas andam como no restante do país, mas a veracidade dos fatos e a compaixão de pessoas civilizadas são meramente maiores do que a dos brutos da capital.
Recentemente, um dos moradores de rua de Assis foi vítima de chacotas e ofensas morais, por alguns garotos mimados. Os moleques, com skates na mão e bonés para trás, diziam absurdos e gozavam da cara suja do homem.
O mesmo mendigo foi motivo de revolta entre moradores que até fizeram uma campanha para expulsá-lo da cidade. A alegação dos habitantes burgueses era de que o rapaz é muito agressivo e representava perigo à população. Pois é, quiseram expulsá-lo das ruas.
Mas o homem simpático e com um sorriso no rosto não é discórdia entre a maioria. Grande parcela de habitantes de Assis não o considera um perigo e sim um morador de rua simpático e, surpreendentemente, de bem com a vida.
Mendigos não são humanos, não podem ser.
No dia 27 de fevereiro, na capital nacional, um mendigo morreu após ter mais de 60% do corpo queimado, e outro permanece em estado grave no hospital. Os dois dormiam na rua, na cidade-satélite de Santa Maria, na periferia de Brasília. Sete pessoas foram ao local e queimaram primeiramente o sofá que os dois usavam para dormir. Depois, duas ou três pessoas voltaram e atearam fogo nos dois homens, usando provavelmente gasolina.
Os rapazes, um de 26 e outro de 42 anos, foram tratados como algo que não sei descrever, tratados como tantos mendigos espalhados por aí, e que se camuflam em meio dessa sociedade hipócrita e cruel.
Não me venha com essa de ONGS, bolsa família, bolsa carência, assistência social, etc. O que essas pessoas precisam é de civilização, desenvolvimento, progresso, cultura. Aquele mendigo de Assis, cuspiu no rosto da assistente social quando ela foi oferecer ajuda, mas não pense que ele foi mal educado ou que se deixasse ele a mataria. Ele cuspiu na hipocrisia, na divergência, ele se revoltou com um sapato de salto alto e um sorriso amarelo oferecendo comida e abrigo, por mera obrigação, como acontece sempre no nosso país.
Mendigos são humanos? Não!
Eles passam frio, calor, fome. Comem terra, lixo e restos. Bebem água da chuva, ou sua urina. Não tomam banho, nem conhecem uma escova de dente. Humilham-se, suplicando por alguma moeda, são tratados como selvagens soltos no meio da civilização. E ainda assim, nos dão bom dia, boa noite, boa tarde, e sorriem com um aperto de mão.
Acho que os mendigos somos nós, e eles é que são os humanos.